Amar pode doer

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
     

     Amar pode doer. Assim eu falo com um breve e leve tom de incerteza. Até parece que nunca senti essa dor. Muita gente acha que, quando escuta ou lê a frase “amar pode doer”, ou, “amar doi”, é só com relação ao término. Mas amar doi no simples fato de amar. Amar doi porque muitas vezes o que tu sente é tão grande que teu coração não suporta, e isso é como se o rasgasse. Doi porque tu tem medo de perder a outra pessoa. Amar doi porque vem as brigas, vem as incertezas e as noites mal dormidas. Doi porque as vezes cansa. Amar doi porque temos que aceitar que o outro não é perfeito e a gente também não. Amar doi porque muitas vezes a gente precisa mudar. Amar doi. Muito.
      Amar doi porque amamos o outro, não a nós mesmos. Assim, poderíamos ter a certeza, que não sairíamos machucados no final. Amar doi porque não é amor de pai e mãe, que te dá a certeza que independente de qualquer falha tua, vai continuar ali te amando e te apoiando. Amar doi porque não é o amor do teu cachorro, que não se importa que sejas chato, ou se estais estressado, vai estar sempre pronto pra te dar uma bela lambida no rosto, e vai te olhar com aqueles olhinhos que dizem que és a pessoas mais perfeita do mundo. Amar doi porque diante dos obstáculos que a vida coloca, tu se sente impotente, cansado e incapaz de fazer a outra pessoa feliz. Amar doi porque pode chegar em um determinado momento que tu simplesmente vai se ver em um beco sem saída, e tu vai saber que a falta daquela pessoa vai causar um estrago enorme na tua vida. Amar doi porque tu sabe tudo da outra pessoa. Sabe se ela prefere o dia ou a noite, se ela prefere vermelho ou azul, tu sabe qual o número do calçado dela, e da camisa também. Tu sabe, tu conhece a família dela, sabe a matéria que ela ama e a que odeia, tu sabe pra qual time ela torce. Sabes tudo dela.

     Amar doi porque amor é como um passarinho. Tu não pode guardar ele em um pote, nem no bolso, nem trancar na mão para que nunca saia. Porque é justamente isso que mata o passarinho, assim como o amor. Mas deixar ele livre, abrir a mão, tirar do bolso, deixar o pote aberto, é estar deixando a pessoa livre pra ir, a hora que ela quiser.

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